Diagnóstico da Cibersegurança Nacional
O Brasil realizou em setembro o Guardião Cibernético 7.0, o maior exercício de defesa cibernética do Hemisfério Sul, colocando à prova a resiliência de suas infraestruturas críticas. Coordenado pelo Comando de Defesa Cibernética (ComDCiber) do Exército Brasileiro, o treinamento reuniu mais de 160 instituições, incluindo Forças Armadas, agências governamentais, operadores de setores estratégicos e especialistas de 20 países. O objetivo foi claro: simular ataques complexos e coordenados para fortalecer a capacidade de resposta do país e garantir a continuidade de serviços essenciais.
Simulações Realistas e Desafios Expostos
Durante cinco dias, os participantes enfrentaram cenários de crise que recriaram padrões de ataques reais, incluindo táticas de grupos de Ameaça Persistente Avançada (APT) com atuação documentada na América Latina. O exercício testou não apenas a tecnologia, mas principalmente a capacidade de decisão sob pressão, a integração entre Tecnologia da Informação (TI) e Tecnologia Operacional (TO), e os protocolos de comunicação. Os resultados revelaram um diagnóstico brutal: uma análise pós-exercício apontou que 23% das instituições participantes não possuíam protocolos de comunicação de crise adequados, e 27% descobriram falhas críticas em suas apólices de seguro cibernético durante as simulações.
Foco Estratégico na COP30
Esta edição teve um foco estratégico inédito: a preparação para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), que será realizada em Belém (PA). Um hub do exercício foi montado na capital paraense para treinar especificamente as empresas e órgãos locais que prestarão serviços essenciais durante o evento, aumentando a maturidade e a resiliência cibernética da região. A iniciativa é vital, considerando que eventos de grande porte, como o BRICS, já registraram picos de três ataques por segundo, exigindo uma infraestrutura de defesa robusta para neutralizar as ameaças.
A Cultura de Resiliência como Lição Principal
Mais do que um teste de ferramentas, o Guardião Cibernético 7.0 reforçou que a verdadeira ciberdefesa reside na colaboração e na preparação humana. A simulação expôs a necessidade de uma cultura de segurança contínua, onde a resiliência é treinada sob pressão real. O exercício não apenas preparou tecnicamente as equipes, mas também forçou a alta gestão das empresas a confrontar diretamente os desafios de um incidente cibernético, muitos pela primeira vez. A principal lição, segundo os organizadores, é que a consciência do risco é o primeiro passo para a maturidade digital do país.