Levantamento inédito detalha contribuição tributária das gigantes da tecnologia, mas Fisco admite dificuldade em rastrear faturamento real no país.
Um novo documento divulgado pela Receita Federal trouxe à tona números impressionantes sobre a operação das maiores empresas de tecnologia do mundo em solo brasileiro. Segundo o relatório, as chamadas Big Techs — grupo que inclui Google, Apple, Amazon, Microsoft, Meta e TikTok — recolheram um total de R$ 289 bilhões em impostos entre janeiro de 2022 e outubro de 2025.
Remessas ao exterior e desafios de fiscalização
O montante refere-se, em grande parte, à tributação incidente sobre o processo de envio de valores para as matrizes no exterior, majoritariamente sediadas nos Estados Unidos. Apesar do volume expressivo de arrecadação, o documento assinado pelo Ministro da Fazenda ressalta um ponto crítico: a falta de transparência total sobre a operação financeira local.
A Receita Federal admitiu que, embora os valores pagos sejam altos, o órgão ainda não possui os elementos necessários para calcular com precisão o quanto essas empresas realmente faturam com usuários brasileiros ou qual seria o potencial total de arrecadação. A estrutura global complexa dessas companhias, que muitas vezes faturam serviços digitais através de sedes em outros países, torna a análise contábil precisa “inviável” no momento.
Impacto no mercado e repasse de custos
O relatório surge em um momento de tensão entre o governo e as plataformas digitais sobre a justa tributação da economia digital. Recentemente, a Netflix atribuiu um “rombo” de centenas de milhões de dólares aos custos fiscais brasileiros, enquanto a Meta (controladora do Facebook e Instagram) anunciou decisões de repassar custos adicionais diretamente aos anunciantes, gerando debates sobre quem paga a conta final da regulação.
Estes dados devem alimentar as discussões no Congresso Nacional sobre a necessidade de novas ferramentas de fiscalização e possíveis reformas na tributação de serviços digitais, visando garantir que a arrecadação seja proporcional ao lucro gerado dentro do vasto mercado consumidor brasileiro.