Em um movimento estratégico que pode redefinir o futuro da computação de alto desempenho, a IBM e a Cisco anunciaram uma colaboração global para enfrentar um dos maiores desafios da tecnologia moderna: a escalabilidade da computação quântica. A parceria, oficializada nesta semana, visa desenvolver uma arquitetura de rede distribuída capaz de interligar múltiplos computadores quânticos, lançando as bases para o que está sendo chamado de “Internet Quântica”.
O Desafio da Escala
Atualmente, os computadores quânticos enfrentam limitações físicas significativas. Para funcionarem, os qubits (bits quânticos) precisam ser mantidos em ambientes criogênicos extremamente controlados, com temperaturas próximas ao zero absoluto. Aumentar o poder de processamento simplesmente adicionando mais qubits em um único chip torna-se inviável devido ao calor e à interferência (ruído) gerados.
A solução proposta pela parceria é mudar o paradigma: em vez de construir um único supercomputador gigantesco, o objetivo é conectar vários clusters de computadores quânticos menores através de uma rede especializada.
A Divisão de Tarefas
O acordo une as competências centrais das duas gigantes da tecnologia:
- IBM: Focará no desenvolvimento dos processadores quânticos e na criação de transdutores ópticos-microondas, essenciais para converter as informações dos qubits em sinais de luz que podem viajar por cabos de fibra óptica.
- Cisco: Utilizará sua vasta experiência em redes para criar a infraestrutura de roteamento e comutação necessária para gerenciar o tráfego de dados quânticos, garantindo a fidelidade do entrelaçamento (entanglement) entre sistemas distantes.
Roteiro para 2030
As empresas estabeleceram um cronograma ambicioso, mas realista. A meta é apresentar uma prova de conceito inicial até 2030, demonstrando a capacidade de entrelaçar qubits de diferentes máquinas em ambientes distintos. A longo prazo, a visão é estabelecer uma infraestrutura comercialmente viável para a computação quântica distribuída em meados da década de 2030.
“Conectar computadores quânticos é o próximo passo lógico para superarmos as barreiras físicas dos sistemas atuais”, afirmou um porta-voz da IBM. Se bem-sucedida, essa tecnologia permitirá a resolução de problemas de complexidade exponencial, como a modelagem de novos materiais, simulações climáticas precisas e avanços na criptografia, que hoje estão fora do alcance até mesmo dos supercomputadores clássicos mais poderosos.