A Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA) deu início nesta quarta-feira (3), em Viena, ao seu primeiro Simpósio Internacional sobre Inteligência Artificial e Energia Nuclear. O evento, que se estende até o dia 4 de dezembro, reúne líderes globais, reguladores e gigantes da tecnologia para discutir um dos desafios mais prementes da década: como alimentar a demanda energética exponencial dos data centers de IA.
O Nexo entre IA e Energia Nuclear
Com a ascensão meteórica da Inteligência Artificial Generativa, a infraestrutura global de processamento de dados enfrenta uma crise de abastecimento energético. O simpósio, liderado pelo Diretor Geral da IAEA, Rafael Mariano Grossi, e com a presença de Fatih Birol, Diretor Executivo da Agência Internacional de Energia (IEA), destaca a “sinergia emergente” entre os dois setores.
O foco central é duplo: utilizar a energia nuclear — uma fonte de base limpa e estável — para sustentar os data centers, e aplicar soluções avançadas de IA para otimizar a segurança, o design e a eficiência das próprias usinas nucleares.
A Fome de Energia dos Data Centers
Dados apresentados no evento indicam que o consumo de eletricidade dos data centers pode ultrapassar 1.000 TWh até 2026, mais que dobrando os números de 2022. Esse aumento vertiginoso pressiona as redes elétricas mundiais e ameaça as metas de sustentabilidade de grandes corporações.
“A humanidade não pode deixar seu destino apenas para algoritmos, mas também não pode alimentar esses algoritmos sem uma fonte de energia robusta e descarbonizada”, destacou-se nos painéis iniciais. A energia nuclear surge como a solução favorita para garantir a operação ininterrupta (24/7) que a IA exige, sem aumentar a pegada de carbono.
O Movimento das Big Techs
O evento valida uma tendência que ganhou força ao longo de 2025: o investimento direto de empresas como Amazon, Google e Microsoft em energia nuclear. O simpósio debate a implementação de Pequenos Reatores Modulares (SMRs) dedicados exclusivamente a clusters de computação de IA. Acordos recentes de compra de energia (PPAs) sinalizam que o Vale do Silício vê no átomo a única saída viável para escalar seus modelos de linguagem sem colapsar a rede elétrica.
IA Otimizando a Indústria Nuclear
Além da geração de energia, o simpósio explora como a IA está transformando o setor nuclear por dentro. Ferramentas de aprendizado de máquina já estão sendo utilizadas para:
- Otimizar o design de novos reatores e reduzir custos de construção.
- Monitorar componentes em tempo real para manutenção preditiva.
- Aprimorar os protocolos de segurança e detecção de anomalias.
O evento em Viena marca um ponto de inflexão, onde dois dos campos mais avançados da ciência moderna — a física nuclear e a ciência da computação — unem forças para viabilizar o próximo salto tecnológico da humanidade.