Medida drástica visa restaurar a concorrência no mercado de buscas online
O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DOJ) intensificou sua batalha antitruste contra a Alphabet Inc., controladora do Google, formalizando um pedido judicial para que a gigante da tecnologia seja forçada a vender seu navegador Chrome. A proposta, apresentada na noite desta quarta-feira ao juiz Amit Mehta, marca uma das intervenções mais agressivas do governo americano no setor de tecnologia em décadas.
Fim do domínio nas buscas
A exigência central do DOJ baseia-se na decisão judicial de agosto, que classificou o Google como um monopolista ilegal no mercado de pesquisas online. Segundo os promotores, a venda do Chrome — o navegador mais utilizado do mundo — é essencial para “parar permanentemente o controle do Google sobre este ponto de acesso crítico de pesquisa”. O governo argumenta que a integração do Chrome com a Busca Google cria um ciclo vicioso que impede o surgimento de concorrentes viáveis.
Além da venda do navegador, o DOJ propôs outras medidas severas:
- Fim dos acordos de exclusividade: O Google seria proibido de pagar bilhões de dólares anualmente a parceiros como a Apple e a Samsung para manter seu buscador como padrão em smartphones e tablets.
- Compartilhamento de dados: A empresa teria que licenciar seus dados de índice de pesquisa para concorrentes a um custo marginal, nivelando o campo de jogo para novos mecanismos de busca.
- Restrições ao Android: Embora não tenha exigido a venda imediata do sistema operacional Android, o DOJ alertou que essa medida pode ser necessária no futuro caso as outras remediações não sejam suficientes para restaurar a competição.
A reação do Google
O Google classificou as propostas do Departamento de Justiça como “radicais” e “intervencionistas”, alegando que elas prejudicariam os consumidores e a liderança tecnológica dos Estados Unidos. A empresa argumenta que a venda do Chrome poderia comprometer a segurança dos usuários e a qualidade do navegador, que atualmente é oferecido gratuitamente. A gigante das buscas deve apresentar suas próprias contrapropostas em dezembro, com o julgamento sobre as penalidades previsto para começar em abril de 2025.
Impacto no mercado de Software
Se aceita pelo tribunal, a venda do Chrome redefiniria completamente o mercado de software e navegadores de internet. O Chrome detém cerca de dois terços do mercado global de navegadores, servindo como uma porta de entrada fundamental para a coleta de dados de usuários que alimenta o lucrativo negócio de publicidade do Google. A separação forçada poderia abrir espaço para inovação e novos modelos de negócios no setor, mas também levanta questões complexas sobre quem teria capital e interesse para adquirir e manter um produto dessa magnitude sem infringir novas regras antitruste.